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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Identidade nacional com muita sensualidade

O batuque começa e logo a sensualidade toma conta do brasileiro. Impossível não se envolver com a melodia do samba que tem o poder de fascinar e enfeitiçar. Esse ritmo é a própria identidade nacional.
O samba tem raízes africanas, é um gênero musical derivado de diversos ritmos como o lundo e o batuque. A palavra samba no dialeto Luanda significa umbigada. Aí está o ritmo envolvente, gostoso, o rebolado, a dança sensual, na qual os umbigos e coxas dos dançarinos estão juntinhos, no mesmo compasso.
Essa é música para a diversão, para o romantismo. O batuque é dança e ritmo, que no passado era a forma com que os africanos escravizados mostravam sua cultura. O batuque foi o principal tronco da manifestação musical popular do Brasil e dele surgiram diversas ramificações e tendências que se espalharam por todo o território nacional.
Hoje, entre riffs de metais, cavaquinhos, pandeiros e tantâns, os talentos do samba ocupam seu espaço na passarela da música brasileira e mundial, aliando cadência e swing a uma melodia apurada.

Samba-enredo: uma aula de história
Hoje, quando se discute educação, muitas pessoas questionam uma maneira de os professores despertarem a atenção dos alunos. Muitos apelam para músicas que ajudam a decorar fórmulas matemáticas, entre outros métodos. No caso da história, é possível apelar para os sambas-enredo.
“Com o samba-enredo é possível estimular projetos pedagógicos, com visão multidisciplinar, a partir dos versos é possível estudar, além de história, língua portuguesa e geografia”, disse a coordenadora do Núcleo de Estudos Indígenas e Afro Brasileiros da Unaerp, Mary Francisco do Careno.
Nenhum gênero musical cantou tão bem a história do Brasil como o samba-enredo. Esse tipo de música é comum de se ouvir no Carnaval, mas muitas dessas canções ficam gravadas na memória.
“A autonomia das escolas para tematizar o enredo é o fator importante para resgatar a memória, história e a cultura. A música tem um olhar que não é dos que estão no poder, como acontece em muitos livros didáticos. No caso do negro, muitos conteúdos aparecem de forma racista e são questionados”, desabafou Mary.
O samba-enredo, uma forma rica de expressão, já contou histórias de personagens que sequer são citados nos livros didáticos. Exemplo disso foi o Salgueiro, em 1963, que cantou a história de Xica da Silva, valendo o primeiro título de campeã do carnaval carioca à escola.
Os temas são variados e apresentam o brasileiro (o índio, o negro, os europeus, as misturas raciais). É possível compreender por suas letras várias etapas da história política brasileira, como a Proclamação da República – “Liberdade, liberdade, abra as asas sobre nós”, da Imperatriz Leopoldinense (1989). A literatura e o folclore, também, são temas recorrentes.
*fotos: Carnaval 2009 - União Imperial (Santos/SP)

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