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sábado, 3 de outubro de 2009

7 anos: Copa do Mundo e Olimpíada. Como ficará o Brasil?

Tive paciência e usei de bom senso ao aguardar o feedback da imprensa, de autoridades e de pessoas ligadas ao esporte para manifestar minha opinião sobre a realização da Olimpíada, em 2016, no Rio de Janeiro.
O lado patriótico de toda essa história é válido. É lindo ver a mobilização em torno do esporte, é um orgulho gigantesco ouvir o Hino Nacional e a bandeira sendo hasteada após uma competição esportiva dentro do País.
Mas - e há um grande MAS –, há outras prioridades no Brasil e no próprio Rio de Janeiro, que sempre continuará lindo, mesmo com seus problemas. Há questões básicas de saúde, fome, educação, habitação e segurança a serem resolvidas, que todos nós conhecemos – muitos sofrem com as deficiências dessas áreas na própria pele - e, por isso, não se faz necessário enumerá-las.
Vou ser objetiva! O assunto é esportivo, então vamos ao esporte. Quantos atletas você vê na imprensa, na sua cidade, no seu bairro, que possuem patrocinadores? Quantos têm algum tipo de apoio do setor público? É mais fácil encontrar quem batalha dia a dia para conseguir treinar e ir às competições. Existem exemplos aos montes e visíveis a qualquer cidadão.
No blog do Fininho, Fernando Meligeni, há um texto sobre a Olimpíada 2016, no qual ele pede para não esquecer dos atletas. Em um trecho, ele diz que “(...) Temos um esporte no Brasil capenga, digo essa palavra feia porque não somos nem 20% do que poderíamos ser. Temos campeões mundiais em mais de 10, 20 modalidades, mas ao invés de termos atletas focados apenas com suas profissões, temos a grande maioria lutando para poder comer e treinar dignamente. Ah, mas logicamente com um monte de tapinha nas costas.(...)”
Como trazer o maior evento esportivo se crianças e adolescentes treinam atletismo descalços, com equipamentos improvisados com cabos de vassouras. Nos grandes centros urbanos existem programas públicos voltados ao esporte, mas o Brasil é grande demais e os talentos estão espalhados.
A etapa da Copa do Mundo de Natação que deveria acontecer no Brasil, nos dias 25 e 26 de outubro, foi cancelada por falta de recursos financeiros e a justificativa oficial é que o objetivo foi dar prioridade à preparação dos atletas para o Campeonato Mundial de Natação.
Citei aqui a ponta de um enorme problema de falta de incentivo e recursos no esporte. Como teremos milhões em recursos públicos para realizar duas grandes competições no País? A Copa do Mundo, em 2014, e a Olimpíada, em 2016. Imaginem a chuva de recursos dispensados para as obras e quanto desse dinheiro será desviado para as contas bancárias de poucos.
O ex-membro do Comitê Olímpico Brasileiro, Alberto Murray Neto, declarou que o Brasil deveria aprender com os erros cometidos durante os Jogos Pan-Americanos do Rio, em 2007. Para a Folha de São Paulo, ele declarou que “no Pan, nenhuma obra de infraestrutura foi feita. O grande legado foi o superfaturamento de obras.” O que se lê em muitas matérias é que esse superfaturamento do Pan chegou a 1000% em cima do orçamento previsto no projeto.
Histórico de desvios de verbas nós temos e ligado há um grande evento esportivo. Problemas sociais sérios, que necessitam de solução urgente nós temos e isso é concreto e impossível negar.
Com todos esses fatos, leio, ainda na Folha de São Paulo, declarações da ministra Dilma Roussef, que estava em um evento, quando recebeu a informação da “vitória” do Rio. O trecho da matéria que trouxe questionamentos sem respostas é o seguinte: "vamos fazer a melhor Olimpíada de todos os tempos". "O Brasil tem outras fontes de financiamento [além do BNDES] e vamos usar todas. O governo federal não vai faltar, vamos usar todos os recursos que o Brasil tem, e temos muitos."
Alguém pode me dizer por que os brasileiros desconhecem esses muitos recursos ($$) que o Brasil dispõe? Por que doentes são atendidos em macas e cadeiras nos corredores dos hospitais públicos? Por que, segundo dado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE, revelou que entre as pessoas com mais de 15 anos existem cerca de 14,2 milhões de analfabetos?
A questão em toda essa história não é simplesmente ser do contra. Não sou. Pelo contrário, agora que já foi assinado o contrato para a realização dos jogos tudo deve ser feito para que aconteça da melhor forma. Mas, o cidadão não pode se encantar com a mais antiga das distrações: “pão e circo”.
Até a Copa do Mundo e a Olimpíada acontecerão três eleições. É fácil varrer e jogar sujeiras que podem surgir pelo caminho em baixo do tapete, quando se vê uma nação comprometida e mobilizada para a realização de eventos esportivos.
Cabe aos jornalistas durante os próximos sete anos fiscalizar se a verba está sendo aplicada corretamente, se há desvios, se alguma área importante teve redução de orçamento para pagar as obras. E cabe ao cidadão ficar atento ao que é divulgado, a refletir sobre os acontecimentos. Só diversão não dá.

6 comentários:

  1. Amo esportes. Fique feliz em, talvez, poder ir à uma Olimpíada aqui ao lado. Mas, porém, contudo, todavia e entretanto fico chocada com o proveito político que será retirado disso. Apesar de todos demonstrarem que foi uma vitória esportiva, a vitória foi política para o Sr. Lula e seus subalternos. E eles farão uso disso, ah! se farão! Realmente cabe à imprensa e, principalmente, ao povo que recebe o bolsa esmola do Lula fiscalizar para onde está sendo encaminhado esse dinheiro. Serão R$ 500 bilhões. Nossa...quanta casa própria...
    PS: No discurso da candidatura, nosso presidente resolveu comer outro 's'. Lendo o TP ele disse: "...a Olimpíadas no Brasil...". Chorei!

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  2. Os Jogos Olimpícos podem ser a chance de trazer um grande legado esportivo, cultural, econômico, social e na estrutura do Rio de Janeiro e do país. A escolha da Cidade Maravilhosa foi uma vitória pessoal do presidente Lula, que mostrou o quão é respeitado no mundo inteiro.
    Estamos numa país democrático e até 2016 teremos duas eleições para presidente e governadores, além de outra para prefeito. As autoridades que comandarão as obras ainda serão esolhidos pelos eleitoes. Cabe à todos nós brasileiros, o voto consciente!

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  3. Isso tudo pode até converte-se em avanço para o nosso Brasil, porque uma boa parte do investimento pode vir do setor privado, basta saber se o governo irá colocar a pessoa certa para encabeçar este projeto. Agora só nos resta rezar!!!

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  4. O ser humano é movido por muitas coisas durante sua caminhada, sonhos e ideais são algumas delas. O problema é que sonhos e ideais são diferentes de objetivos e realidade. Depois que a novidadede passa vem a frustação da realidade. No momento estamos presenciando isso com a empolgação das Olimpíadas no Brasil. É claro que será um sonho realizado, será ótimo para a imagem do Rio de Janeiro lá fora, os turistas irão encher as praias e os carnavais na cidade que é maravilhosa. Mas de onde sairá o dinheiro para isso é a realidade que todos devemos pensar. A realidade que depois da empolgação trará a frustação de não conseguirmos o básico para nossa sobrevivencia - saúde, alimentação, moradia e educação. Daí vamos perguntar: Onde estão os recursos para todos tenhamos o básico? E a resposta será: Os recursos foram utilizados para a Copa do Mundo e para as Olímpiadas ... e foram muitos.
    Eliana Augusto

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  5. Renato Fernandes do Vale4 de outubro de 2009 às 19:07

    Comparo a situação como a gravidez de uma filha adolescente , você não deseja , mas depois que ocorre vc tem que administrar com seriedade,alguns eventos definem a maturidade do governo que a dirige, penso que as olimpiadas assim como a copa do mundo , pode ser uma chance de apagarmos a imagem de país corrupto.A população composta por pessoas que tem sensibilidade do risco que iremos correr nestes episódios devem se moblizar a fim de fiscalizar os gastos e o direcionamento destas verbas.
    Risco de desvios sofremos mesmo fora de olimpiadas e copas , a nossa maturidade em controlar os governantes é que irá fazer a diferença.

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  6. Espero que haja responsabilidade política para que o Brasil utilize isso para crescimento. Vamos aguardar.

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